Aula com as Professoras Liliana Inverno e Christina Marzhauser

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“Discursos linguísticos e realidades nas salas de aulas” de João Rosa

«A força esmagadora do crioulo como meio de expressão a todos os níveis da sociedade cabo-verdiana não pode ser negada. No entanto, na esfera educativa essa força é restrita, pois, por motivos políticos, há a exigência de que os estudantes comuniquem apenas em português… a política de língua na esfera educativa parece favorecer muito as classes mais altas que normalmente têm acesso às experiências  estruturadas que requerem a utilização e a prática do português. Embora a política nacional pareça estar no caminho certo, com tentativas para  oficializar o crioulo cabo-verdiano… é pouco provável que essa oficilização … seja suficiente a longo prazo. A oficialização do crioulo não erradica imediatamente o reconhecimento sistémico e histórico da diferença de poder entre estas línguas, nem garantiria o ajuste social aos mandatos legais. Para ter efeitos a longo prazo, uma política de oficialização teria de ser acompanhada por uma vasta implementação de condições estruturais direccionadas para a valorização do estudo e do uso do crioulo em todos os campos sociais», p. 125.

Apresentação feita pelo Prof. Manuel Veiga.

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Lançamento do Livro “Vamos falar Caboverdiano” – de Nicolas Quint

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Aula Inaugural – Prof.Jurgen Lang

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Nota de Abertura

KrioLUS é uma metáfora do conhecimento em torno do Crioulo de Cabo Verde (CCV). Do final do século XVIII a esta parte, o CCV tem sido confrontado com desinformações e mal-entendidos de vária ordem. Já o célebre Anónimo de 1784, citado por António Carreira (em O Crioulo de Cabo Verde – surto e expansão, 1985), em carta ao Rei de Portugal, dizia que os reinóis já se acostumaram ao estilo da Terra e já se esqueceram do português (cit). A partir de então, alguns puristas da língua portuguesa começaram a considerar o CCV como meio de comunicação sem regras nem gramática; como mixórdia que não se pode escrever e que não tem importantes letras do alfabeto, como L de lei, R de rei, F de fé. Por tudo isto, o CCV constituía, no dizer deles, um perigo para a unidade do império.
Mais recentemente, alguns caboverdiaos chegaram a defender que o ensino do CCV contribui para criar alguma confusão na metodologia do ensino da língua portuguesa e até para a sua desoficialização. E o que é mais grave ainda, entendem que esse ensino vai contribuir para o isolamento e ostracismo do país. Tais argumentos não têm fundamento nem científico, nem pedagógico, na medida em que a língua materna de qualquer povo é a melhor referência para a aprendizagem seja de uma língua segunda, seja de uma língua estrangeira.
No dizer de Baltasar Lopes da Silva (1957 e 1984:43, Lx, INCM), Cabo Verde passou a dispor, desde logo, de uma língua unificadora que não era o português. Falando da autonomia do CCV, ele afirma:
“[…] ao que me parece, o comando, no que interessa à vida histórica da linguagem destas ilhas, fugiu das mãos que inicialmente se teriam esforçado por a dirigir no sentido europeu. Estando o reinol (puro, sem contaminações tropicais) em nítida minoria, foi o homem crioulo que teve a última palavra; e o reinol não teve outro remédio senão “aculturar-se” idiomaticamente (…) bem cedo o crioulo das ilhas deve ter disposto de uma estrutura coerente e de um vocabulário bastante para as necessidades de comunicação; e assim, bem cedo, ao que me parece, o homem crioulo se sentiu idiomaticamente “auto-suficiente”. […].”

Importa portanto ressalvar essa admissão da “auto-suficiência idiomática” a que Silva (op. cit.) se refere em relação a uma nova língua que começa “bem cedo” a estabilizar-se no contexto da história de Cabo Verde.
Hoje, a língua caboverdiana é, cada vez mais, objecto de estudo, não só no âmbito estritamente linguístico, mas também em áreas mais recentes que ligam esta língua, por exemplo, às ciências da educação. É que, a importância da língua caboverdiana como língua do quotidiano, da cultura e da ciência é, de facto, afirmada através de vários estudos científicos realizados ou em curso no país e no estrangeiro e que têm como objectivo inscrever esta língua nas preocupações pedagógicas e científicas da Nação Caboverdiana.

E a ciência não se compadece com desinformações ou mal-entendidos, sejam eles de natureza linguística, cultural, social ou política.
O KrioLUS pretende ser um espaço de «luz» para fazer a ciência falar, com conhecimento de causa e com a fundamentação de posições objectivas defendidas. A nossa ideia é ter um espaço virtual onde tanto, os docentes, num primeiro momento, e os mestrandos num segundo momento, possam publicar trabalhos, sempre com preocupação científica, nos domínios da crioulística ou da língua caboverdiana.
Poderemos, caso a experiência se revelar profícua, criar espaços para os mestrandos colocarem perguntas e obterem respostas dos docentes, podendo o público em geral ter acesso tanto às perguntas como às respostas.
Essa dinâmica poderá, eventualmente, levar-nos a abrir um outro espaço onde o público em geral poderá colocar questões tanto aos docentes como aos mestrandos e estes poderão responder desde que a respectiva agenda o permitir.
Pretendemos que o KrioLUS traga mais luz à problemática da ciência do CCV. E se conseguirmos que a tocha dessa luz brilhe em todas as achadas, ribeiras e fajãs da nossa terra, terá valido a pena o espaço KrioLUS.

A Comissão do Mestrado em Crioulística

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